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segunda-feira, 2 de julho de 2007

Mauricio Mauricio

Ele achava futebol um esporte estapafúrdio e escalafobético.
Mauricio teve uma infância difícil, era um garoto problemático.
Contava- os passos, tinha problemas com o comprimento das pontas do cadarço, colecionava clipes de papel, o que não seria estranho se não levasse em consideração o fato de que todos os clipes eram perfeitamente idênticos.
- Só pode ter merda na cabeça!!! – Era o que se pai dizia.
Porém, várias consultas psiquiátricas depois, Mauricio era um homem respeitado e bem sucedido profissionalmente.
Como era de se esperar, Mauricio não poderia ter profissão que se adequasse melhor com seus problemas mentais, ele era um burocrata do funcionalismo público, o seu maior defeito era o de ser muito perfeito.
O que era engraçado é que em sua mesa no escritório tudo era milimétricamente perfeito, e a cadeira que ficava à sua frente era muito afastada da mesa, para que ninguém que fosse atendido por ele pudesse mexer em alguma coisa.
Ninguém conseguia imaginar o que se passava na cabeça dele, apenas o criador deste personagem, que sou eu.
Por isso vou desvendar esse mistério, Mauricio pensava que era o portador de algum poder que nem eu sei explicar, como se fosse um azarado, isto, essa é a definição, azarado.
Todo o dia ele fazia tudo exatamente igual, milimétricamente igual,
E pensava que por qualquer descuido ou falha em sua rotina o mundo podia acabar, ou coisa parecida. Superstição pura.
Ele trocava as lâmpadas de sua casa a cada 35 dias, pois achava que se uma delas queimasse haveria um desastre na terra, ou pelo menos em sua sala-de-estar. Isto se deve ao fato de que uma vez, quando criança, a lâmpada do seu quarto queimou, e coincidentemente no mesmo dia centenas de pessoas foram dizimadas por um acidente em uma fábrica de molas de cadernos na Ucrânia.
Ao chegar do trabalho, um minuto atrasado perante todos os outros dias de sua vida, ele sem perceber, abre a porta com a mão esquerda pela primeira vez na vida, e acende a luz, ou melhor, tenta acender, pois estava queimada.
O pavor tomou conta daquele homem, que saiu em disparada no seu carro atrás de uma lâmpada nova. Porém, em alta velocidade, e em uma rua que nunca tinha passado antes, Mauricio acaba batendo o carro.
Seu automóvel ficou destruído, mas teve ferimentos leves, já o outro carro nem tanto, porem a pessoa que estava no carona morreu.
O passageiro morto não era nada mais nada menos que o ex-padre Quevedo, que tinha entrado para as milícias comunistas e se tornado presidente do Brasil, a maior economia do mundo.
Quevedo estava se dirigindo ao encontro diplomático que selaria a paz com Angola, segunda maior economia do mundo, que efetuou um cartel com suas colônias, entre elas EUA, França e Japão, para dominar o monopólio mundial da produção de bananas transgênicas. Mas mesmo com a morte do maior líder mundial, o acordo tinha de ser selado, afinal a paz mundial estava em jogo.
Para substituí-lo, o vice-presidente Gugu Liberato, que estava ocupado comendo seu Chandelle, escolheu R.R Soares, seu secretario, mal sabia Gugu que R.R era um agente secreto da ultra-mega- super- extrema- direita- ampla- revolucionária.
Ao chegar ao púlpito, R.R esbravejou palavras de ódio ao povo angolano e declarou guerra, agarrado com a tese de que o presidente foi assassinado por um terrorista que usava o nome falso de Mauricio Mauricio, provindo logicamente das Ilhas Mauricio, que quase ninguém sabe onde fica.
E assim nasceu, coincidente ou não, a quinta guerra mundial.
Os ataques nucleares só cessaram quando já não havia ninguém para apertar os botões dos computadores que acionavam os mísseis.
E essa é a estória de Mauricio Mauricio, o homem que, querendo ou não, fatidicamente selou o seu destino e o da humanidade.
Falando nisto, vou lá trocar as lâmpadas de casa, mas não se assustem, irei á pé.


Lucas Loch Moreira

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