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sexta-feira, 6 de julho de 2007

Cupido

Muitos de meus amigos juravam que já tinham sido flechados pelo cupido. Eu sempre pensei que fosse bobagem. Não acreditava e pronto.
Num desses finais de semana que têm varias opções de divertimento em vários lugares e ao mesmo tempo, quando fica muito mais difícil escolher aonde ir, eu fui testemunha de um fato que me fez acreditar no tal cupido.
Decidimos, então, eu e um amigo, ir a um barzinho movimentado. Muitas pessoas na frente do bar. Entramos e, antes mesmo de sentarmos para pedir algo, passaram por nos duas meninas exuberantes. Lindas mesmo. Olhamos para elas. Elas nem nos olharam. Passaram em nossa frente e sequer nos viram.
As duas eram morenas, tinham, no máximo um metro e sessenta e cinco centímetros, a pele era uma seda, aparentavam uns quinze anos, os olhos com um brilho desses que só as meninas de quinze anos têm. E não tinham namorado.
Logo quando passaram, o meu amigo disse, quase sem fôlego e por entre os dentes: Olha essa morena! E eu que ainda estava olhando-as, perguntei: Qual?
_ A de blusa branca e de shortinho, olha essa menininha.- disse ele.
Tentei convencê-lo de ir lá e conversar com ela, ele hesitou e se reservou a observá-la. Mirava-a de longe, nem piscava. Não prestava atenção em mais nada, só naquela moça que ele não sabia nem o nome. Ficava imaginando o que falaria se tivesse coragem de conversar com ela. Ele pensava em falar as palavras mais lindas que um homem diria a uma mulher e ele até ensaiava.
Tinha a oportunidade da vida dele, era como se fosse bater um pênalti. Só que, no futebol, ele era zagueiro, não chegava à frente, no futebol ele experimentou poucas vazes a centroavância. Os centroavantes sim é que estavam acostumados com a felicidade. Eu tinha certeza que, se ele falasse o que estava pensando, seria fácil como bater um pênalti com o goleiro estirado no chão. Digo isso com a experiência de centroavante que sou. Mas aquele zagueirão que não vacilava nunca e que era o mais viril e valente do bairro, estava a uns seis metros de uma menina e ele, acreditem, estremecia.
Ouvimos as suas combinações de irem ao centro, onde estava ocorrendo um evento. Decidimos ir também, e saímos antes delas, para não parecer que estávamos seguindo-as. Ótimo plano! Em menos de cinco minutos de espera apareceram as duas e mais uns seis amigos delas.
Nos aproximamos do grupo e, agora sim, ela olhou para ele, olhou o melhor olhar que ele podia querer. Depois até conversaram. Batemos foto, e ele, claro, do lado dela.
Já não o reconhecia mais. Logo ele que não era de se apaixonar, ele que mantinha o lado racional sempre imperando, agora, só falava nela. Queria vê-la a todo custo, nem que fosse só pelo prazer de conversar.
Outro dia até conversaram, só que ele sentia que ela não correspondia ao que ele sentia. Sem sombra de dúvidas, ele havia sido atingido pela flecha do amor, mas não parecia que ela também tivesse sido flechada.
Agora ele lamenta porque não disse tudo de bonito que sentiu naquela noite no barzinho. Talvez ela nem acreditasse em tudo, pois era muito sentimento por uma pessoa desconhecida. Talvez ela nem quisesse ouvir, mas ele tinha que ter falado, devia ter coragem. E ele sabe disso. Por que ele não tentou? Que não desse certo, tudo bem, pelo menos teria tentado acertar. Por quê? Ah, se ele tivesse tentado...

Elder Corrêa Jr

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