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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Júri Popular do Primeira Pauta



Pessoal, preciso do apoio do vocês. Com o texto que posto abaixo estou concorrendo com mais nove semi-finalistas do Primeira Pauta ZH. Só que agora eles abriram mais uma vaga: serão seis os finalistas. Cinco escolhidos pelo jornal e um por votação e júri popular. Quero essa vaga. Se cada um votar o máximo que puder eu consigo. Podem votar quantas vezes quiserem.

Esse é o Link para votar.

http://wp.clicrbs.com.br/editor/2010/07/08/escolha-um-finalista-do-primeira-pauta/?topo=13,1,1

Não pare de votar. A votação vai até terça-feira.

Nove vale dez

Dia de jogo da Seleção, o Brasil inteiro para. Foi assim no primeiro, quando vencemos por 2 a 1. Nem a decepção pela sofrível vitória sobre os fracos norte-coreanos desanimou os torcedores canarinhos.

No jogo seguinte, os amigos foram a minha casa. Colorados e gremistas iriam torcer juntos pela vitória nacional.

Dunga foi o assunto preferido. Afinal, todo brasileiro tem um pouco de técnico. Projeta substituições, entre uma pipoca e outra, xinga a mãe do goleiro adversário, já no segundo gole verde-e-amarelo. E sofre. Sofre como um cão em vai-e-vem, sem poder botar o pé no gramado, na bola e no traseiro dos inimigos circunstanciais.
A indisposição com o treinador se acentuou quando dois amigos anunciaram o valor da aposta: 10 reais.

Rodrigo Godoy dizia que Luis Fabiano marcaria dois gols na partida, o que foi contestado por Felipe Severo – que tecia severas críticas ao jogador e ao técnico.

Kaká deixou Luis Fabiano na cara do gol. A torcida explodiu: Brasil, 1 a 0! A aposta estava pela metade. Os dois se provocavam. Felipe ainda duvidava do Camisa 9.

No segundo tempo, em um balão para ataque, a redonda caiu perto do nosso centroavante, marcado por três defensores marfinenses. Era seu dia. O Fabuloso tocou a Jabulani com a mão e com o braço, passou pelos adversários. Gooolaço! Sem chances para o goleiro.

Os amigos se abraçaram, afinal, o time jogava bem, e ainda ampliou com Elano. Nem o gol de Drogba estragou a festa. Felipe saiu porta afora, uma arara como a da nota de 10 – não queria replay, nem Copa do Mundo, as vuvuzelas lhe doíam os ouvidos.

O vídeo em comemoração ao segundo gol do Brasil naquele 3 a 1 ensina a nunca se duvidar de um camisa nove. Vale dez. “Dez pila!”, vibrava Rodrigo, comemorando o resultado do jogo.

Baixe o vídeo aqui:


http://www.4shared.com/video/q5tHpNnV/REPORTAGEM_BRASIL_-_ELDER.html

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um jornal para o povo

Um jornal para o povo

terça-feira, 15 de junho de 2010

Desabafo

Creio que não viverei tanto tempo. Ainda sou nova, mas já passei por várias experiências. A primeira delas foi uma agulhada que me encheu de esperança. Me apertavam, me entreolhavam e alguns segundos ganhei o ar, ganhei o mundo. Alguém que vestia algo que parecia um uniforme me ergueu como se fosse um troféu. Me olhou nos olhos e me deu um tapinha de saudação ao mundo.

Depois disso uma enfermeira me levou até o berçário. Todo mundo me olhava, queria apertar minhas bochechas, me tocar. Conseguia ouvir cochichos. Diziam que eu era diferente. Mais leve que o normal e mais espevitada também. Mesmo assim o pessoal me olhava com cobiça. Com gana. Com desejo. Fiquei toda boba. Toda exibida.

Até que me tiraram daquele aquário. Começava minha vida. Fizeram alguns teste comigo. Diziam que eu era superdotada, um prodígio, uma obra perfeita dos deuses. Depois de todos os elogios e saudações deixei que me usassem como bem entendiam. Qualquer um que se aproximava me tinha como queriam e podiam. Alguns até me controlavam, outros não tinham tanta intimidade comigo nem com minha família.

O tempo passava rápido. Na mesma proporção ganhava experiência nas viagens pelo mundo afora. Ganhei mais depressa ainda. O pessoal que antes me adorava passou a me fazer críticas severas. Parecia um complô. Era uma bola de neve. Todos decidiram falar mal de mim. Meu analista disse que era pelo meu rompante e além do mais eu já não passava tanta confiança para ninguém.

A culpa não era minha. Eu só queria ser amada. Tinha gente que até me beijava e abraça e me defendia. Afinal ainda existe Direitos Humanos. A imprensa me procurava. Virei manchete no mundo inteiro. Não conseguia me redimir. Continuavam me humilhando, me surrando, dizendo que eu era a ovelha negra da minha família. Eu era um cachorro morto e ainda me chutavam. De um lado para o outro. Ninguém queria conversa comigo. Diziam que eu era uma farsante.

Por alguns lugares que passei o ódio por mim é unânime. Não houve direito de resposta. Tudo aconteceu rápido demais. Em pouco tempo não aparecia mais em público. Só rodava por vilarejos. Ainda assim era motivo de chacota, mas o pessoal tinha o mínimo de respeito por mim. Em lugares mais humildes o pessoal se esmerava para me receber em casa. Apesar de dificuldades preparavam até churrasco para me recepcionar. Se eu era amada de verdade não sei, mas tinha gente que se exibia por estar por perto de mim. Pediam fotos e quase sempre marcavam novos encontros, mesmo sem entender meu nome e fazer confusão não cansavam de correr atrás, pena que vou morrendo a cada encontro. É por isso que vou fazendo minhas peripécias. Eu só quero ser amada e ficar para história.

Att,

Menina Jabulani

terça-feira, 1 de junho de 2010

Meu amor dos oito anos – Cap 2

Depois de todo impasse decidi que falaria com ela na saída do mercado.

Lá foi ela embora para o lado esquerdo. Agora era só seguir seus passos. A senhora da minha frente tinha apenas cinco itens no cestinho. Ligeirinho.

Minha vez no caixa. Coloquei tudo organizado na esteira. Pã,pã,pã,pã... tudo muito rápido.

Estendi meu cartão.

- Crédito ou débito? -Perguntou a moça do caixa.

- Crédito.- Respondi.

Passou uma, duas vezes e nada. Até que chamou o gerente ou fiscal. Nesass alturas do campeonato ela já devia ter chegado à esquina e tomado qualquer direção ou mesmo ônibus. Ou carro. Tomara que não esteja de carro. Cada segundo que esperava ali parecia uma eternidade. Fiquei cuidando na porta para ver se ela passaria de carro. Até que parou o caminhão do mercado na frente da porta, me tapando toda a visão da rua. Era tudo o que eu não precisava naquele momento.

Deixar as compras no caixa me passava pela cabeça, mas todo mundo pensaria que não tinha dinheiro. Se bem que não tinha mesmo. Só para o mês que vem. Mesmo assim. O fiscal já estava resolvendo. Pronto, resolvido.

Saí rápido para o lado que ela tinha rumado. Cheguei à esquina e nem rastro. Voltei até meu golzinho e andei por todas as ruas adjacentes ao mercado, mas não a encontrei.

Claro que eu não desistiria tão fácil. Até fazia planos de pendurar um borrego para ela. Troquei de rumo e fui em direção de onde ela morava nos tempos de colégio. Com sorte ainda moraria lá. Parei na frente da casa 83. A árvore no jardim era a mesma, mas a fachada mudou. Talvez ela também tivesse mudado.

Já não sabia se descia e perguntava para algum transeunte se a Kelly morava ali, ou se tocava a campainha. Eu era um poço de dúvidas naquele instante.

Acompanhe no próximo capítulo o que, afinal o nosso personagem decidirá fazer.

domingo, 23 de maio de 2010

Relato de um ex camisa 9

Tenho inúmeros amigos que seguiram a profissão de seus pais. Dentista filho de dentista, veterinário filho de médica com agricultor, técnico em informática filho de Professor Pardal... coisas do tipo. Se bem que tenho um amigo que é modelo fotográfico, filho de um ex-ginete que se juntou com uma dona da cidade. O pai, criado em lombo de aporreado, não aceitou a profissão do filho. O que o garoto fez? Falou para seu pai que faria faculdade de Direito na cidade grande e seguiu fazendo fotos para tudo que é tipo de revista, exceto revistas campeiras. Quando volta pra casa vem falando que fulano ou sicrano deveria processar o vizinho por isso, por aquilo. Assim já está quase na hora da formatura e ele nunca entrou na faculdade. O máximo que faz é procurar na internet alguns artigos de “seus direitos” e contar com a cumplicidade da mãe.

Mas eu até entendo isso. Eu mesmo. Sempre joguei de atacante. Mesmo quando os times estavam inflados de jogadores agudos. Sempre briguei pela camisa 9. Não que eu tenha aptidão física para ser centroavante. Bem pelo contrário. Mas queria ser o homem referência, assim como meu pai sempre foi. Queria ter os troféus de goleador, primeiro gol de cabeça, destaque, revelação... tudo o que eu via na caixinha de medalhas do pai. Queria ser um centroavante como ele. Mas não sabia sequer fazer um pivô. Claro que tinha jogos que fazia meia dúzia de gols. Sempre esperando a bola no segundo pau ou antecipando uma bola atravessada na frente da área por algum zagueiro displicente.

Aos poucos o pessoal pedia para que eu voltasse um pouco mais para marcar. Diziam que até marcava bem, porque não desistia das jogadas, que era só eu pegar o jeito de marcação e não me bocar nos dribles que renderia muito mais ali atrás do que pescando na frente. Aos poucos a turma já pedia que eu iniciasse o jogo na marcação. Os elogios começaram a brotar. Um emaranhado de dúvidas atormentava minha cabeça durante e após os jogos, mas no jogo eu era só dedicação. Não podia comprometer taticamente.

Fui perdendo minha centroavância. Logo agora que estava concluindo um pouco mais forte. Ao aceitar que jogava melhor pela ala ou pela ponta voltando para marcar, mudei também minha personalidade. De centroavante, passei a ser um ponta ciscador não só dos gramados, mas também da vida amorosa. Nas ruas já não andava com a desenvoltura de antes. Lateral tem uma vida sofrida, triste. Não pode andar por aí mostrando os dentes. Às vezes é como a vida de um cachorro preso ao vai-vem. Mas o principal: Lateral qualquer um pode ser, ninguém nasce lateral, assim como um centroavante. Mas agora eu sou um lateral. Um camisa 2 com mais credibilidade e confiança do que quando vestia a 9 ou 18. E outra: eu atribuo essa minha mudança de posição e atitude nos campos da vida ao fato de ter perdido o companheiro de ataque dos velhos tempos do Terror das Menininhas F.C., quando saíamos na noite para honrar e representar o nome do time.

Cumprindo bem a função de ala, sem mais aquela ânsia de colocar as bolas na rede, e sem o ímpeto de atacante feroz, comecei a jogar com a camisa 2. Às vezes na lateral esquerda, outras na direita mesmo. Aquele lateral de algumas arrancadas verticais e algumas ultrapassagens para surpreender o adversário, mas geralmente esperando a reação do adversário para só então agir e não levar o drible. Agora só vou na boa. Só com muita certeza de que a empreitada a frente não vai me fazer levar bola nas costas. Como eu disse lá em cima. Com a obrigação de marcação em detrimento de qualquer ataque, passei a utilizar essa doutrina na minha vida pessoal. Não foi apenas o número às minhas costas que mudou. Essa foi a primeira mudança apenas. Uma mudança de fora para dentro.

Agora o difícil vai ser eu falar para meu pai. Acho que ele não vai entender meus motivos de jogar com a camisa 2. Já sei. Vou fazer como meu amigo modelo fotográfico fez: apareço na casa dele com a camisa 7. Chego dos jogos e comento algumas jogadas agudas e tudo resolvido, ele vai pensar que sou um ponta das antigas, daqueles dribladores. Aquele meu amigo está há três anos dizendo que faz Direito. Quando eu tiver consolidado na posição conto para ele. Ele vai entender. Mas não quero nem ver a reação dele quando eu for cobrar um arremesso lateral. Isso sim vou esconder. É muita judiação pra um pai camisa 9.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Meu amor dos oito anos

Quando a vi no caixa do supermercado tive a certeza que era ela. Era meu primeiro amor. Eu tinha oito anos. Talvez me digam que aquilo não era amor, que eu nem sabia o que era amar. Mas aquele era o mais sincero e fiel amor que já vivi. Um amor sem limites, sem fronteiras, sem poses, sem maiores ambições, sem toque, sem beijo... sem fim.

Reparei no que comprava. Biscoito, iogurte, cerais e uma caixa de bis branco. Nesse instante de análise conseguia sentir o cheiro da flor de jasmim que tinha ao lado do balanço que brincávamos na praça. Só podia ser a Kelly ( para não compromete-la, o nome é fictício, mas quem conhece a história vai saber de quem se trata). O tamanho da certeza de que era a Kelly era o mesmo do medo que tinha de chegar até ela e falar: Lembra do Juninho? Sou eu.

Mas se ela nem quisesse saber de mim. Ou pior, se não lembrasse de nada. Afinal nunca mais tínhamos nos visto. Se tivesse namorado, ou mesmo casada. Mas se me reconhecesse e também nutria esse sentimento de infância mesclado com o medo de gente grande? Também tinha a chance de não ser ela, mas uma sósia.

Eu tinha que descobrir.

E agora? Estou me sentindo como um batedor de falta no final de jogo. Um filme passa pela minha cabeça, mas a barreira está adiantada e tudo depende desse chute. No próximo capítulo. Acompanhe.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Goleiro, uma profissão para poucos

Qualquer um pode jogar na frente, na lateral, no meio ou na defesa, improvisado e se dar bem. Mas para se dar bem debaixo do arco são outros quinhentos. Até porque, geralmente quando se é mandado para o gol é de contragosto.

Há pouco eu não entendia porque alguém decidia ser goleiro. Uma criança diz: _quero ser goleiro. Só goleiro, nãos esses que batem falta, pênalti e a cada jogo fazem milagres salvadores. Decidem ser goleiro e enfrentar as paradinhas, as jogadas ensaiadas, que desmontam qualquer barreira. Não conseguia entender porque, afinal, alguém queria jogar contando apenas com três amigos: as duas traves e o travessão, sendo que muitas vezes esses amigos o traem.

Quem me respondeu foi meu primo, de apenas 10 anos. Ele me disse que era goleiro. Achei que seria meia ou zagueiro, mas não. Preferiu jogar com a camisa 1 nas costas e as havaianas nas mãos. Perguntei por que ele decidiu ser goleiro e o garotinho respondeu na lata com a sinceridade, espontaneidade e razão que sua idade lhe confere:

_Eu gosto de defender. Meus colegas jogam melhor que eu; e eu ataco melhor que todos.

Na verdade ele já dava indícios. Eu que não queria enxergar. Era por isso que ele usava aquele pedaço de couro no joelho das calças.

Tem nome de craque. Renah é o nome dele. Guardem esse nome.

Parabéns, Renah. 26 de abril é o teu dia. O dia de uma das profissões mais difíceis, depois, é claro, de minerador e de marido de mulher autoritária. Essas sim são as profissões mais estressantes e complicadas que já inventaram no mundo inteiro.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

As (in)certezas de Fossati

Algumas pessoas tem convicções que não consigo compreender. Acreditam em suas teses como verdades de mãe. E mãe não mente.

Uma vez um amigo contou que conhecia um lugar em São Gabriel onde os pés de soja alcançavam dois metros de altura. Ninguém acreditou nessa história sem cabimento, já que estávamos todos de borracheira, mas rendeu boas risadas a noite inteira. Mas o que me impressionou foi que no outro dia ele reafirmou essa história. Ainda acrescentou que tinha visto “com esses olhos verdes que um dia a terra há de comer”.

Essa história mirabolante do meu amigo não o prejudica em nada. Já o treinador do Internacional, Jorge Fossati, que assim como o Tiago, carrega certezas duvidáveis está em uma profissão -mais que isso- em uma situação em que algumas convicções furadas podem afundá-lo.

O sistema 3-5-2, por exemplo. Tudo bem que no plantel colorado há zagueiros que jogam como laterais e laterais que “curtem uma de ponta”. E que tudo isso junto favorece o treinador a mudar o esquema de jogo da equipe com apenas dois ou três sinais para o campo, mas será que ele não percebe que quando joga com três zagueiros toma gols e logo em seguida vê-se obrigado a impor o 4-4-2 ou até mesmo 4-3-3 para recuperar o escore e geralmente da certo, como hoje contra o Pelotas, na decisão da Taça Fábio Koff.

Só não entendo por que ele não inicia todos os jogos com o eficiente 4-4-2, que é o esquema de ganhar jogo. Assim o Inter poderia garantir a vitória já no primeiro tempo e, se seu capricho exigir , que mude para 3-5-2 no final de jogo, tome o gol e mantenha os três pontos da vitória e a paz na casa-mata.

O jogo de hoje como exemplo:

Primeiro tempo: Enquanto tinha três zagueiros o Pelotas teve duas chances de gols. Converteu as duas. Antes do intervalo Bolívar diminuiu a vantagem dos visitantes. 2 a 1.

Segundo tempo: Depois de mudar alguns jogadores e o esquema para 4-3-3, o Pelotas não teve sequer uma única chance de gol, já o colorado fez dois (com Edu e D’Alessandro, que entraram no segundo tempo), virando o jogo para 3 a 2. Vitória colorada e Fábio Koff de novo no Beira Rio.

Agora é final, gurizada. E em greNal todos sabem quem é que manda.

terça-feira, 9 de março de 2010

Romance de um boleiro

Quando eu vi aquele distintivo nela, pensei: ela é do jogo! Vestia um belo uniforme. Short branco, camisa alvinegra e meiões brancos, que lhe acariciavam as panturrilhas. O short, é bom dizer, deixava seu bom preparo físico exposto aos olhos de qualquer torcedor.Tinha o andar de uma bailarina, o olhar feroz de uma zagueiro de segundona gaúcha, as pernas do garrincha.

Como por acaso sentei à mesa ao lado. Ela recém tinha escolhido a dela.

_Uma Polar, por favor!

Aproveitando a atenção do garçom para aquele lado ela o chamou e pediu uma Brahma extra.

Olhei para ela novamente e pensei: o que uma mulher faz num bar. Sozinha. E pedindo cerveja extra? Rapidamente me veio a resposta. Ela queria era conversar sobre futebol com o cara da mesa ao lado, que no (a) caso naquele dia era eu.

Em alguns minutos a gente já estava na mesma mesa. Na dela, é claro. Falamos das nossas preferências táticas, das nossas escalações, plantéis... discutimos jogadas ensaiadas, a linha burra... Enfim... Aquele papo boleiro estava bom. Continuaria ali até que apagassem os refletores.

Marcamos um horário para nos conhecermos melhor.

Propus que fosse sábado. Ela aceitou.

Chegamos no horário combinado. O estádio não estava tão cheio, mas o clima era favorável. Tocava Funk, Hino, Pagode... De tudo. Na hora do hino era mãozinha no peito. Nisso eu pude notar melhor. Atrás dela tinha uma charanga. Redondinha, numa variação perfeita de agudos, médios e graves. Afinadinha. Uma bela charanga. E grande. E a charanga a seguia por onde ela fosse. Sempre. Gostei da charanga.

Começamos a trocar alguns passes. Tabelávamos bem. Dali a pouco já estávamos batendo pênaltis. Às vezes eu batia. Outras ela, aí eu quem defendia. Mas nada de jogo ainda. Não demoraria muito.

Quando tocou um Zeca Pagodinho nós corremos para a bandeirinha para ensaiar uma comemoração no caso de sair algum gol. E ouvimos um apito. Enfim o juiz autorizou. Rolou a bola na arena. A partir dali era onze contra onze.

Eu já estava louco que chegasse aos noventa e até cantarolava: “ Aí, aí, aí, aí, aí... tá chegando a hora... o dia já vem/ raiando, me bem/ e nós temos que ir embora...”

O arbitro sinalizou e subiu a plaquinha. 3 minutos de acréscimos. Tempo para mais umas firulas ali na linha de fundo. Uns cruzamentos aqui, uma cabeceada ali. Nada mais. Afinal era amistoso. E no amistoso a missão é não ser substituído, e eu fiquei o jogo inteiro. E ainda ganhei confiança do professor. Apita o árbitro. Fim de jogo.

Depois marcamos outros tantos. Eles foram ficando cada vez mais pegados, mais quentes. Começamos a treinar juntos. Não demorou muito recebi a faixa de capitão. Referência.

E os jogos seguiam cada vez mais ousados. Umas jogadas de fundo, outras de meia cancha e outras de Muuita cancha. E os lançamentos em profundidade que confundiam a zaga. Sem falar naquela jogada do Ronaldinho: olha pra um lado toca no outro. Desse jeito acabamos com a pintura da casa inteira. Era marca de boladas em todo canto.

Mas até o que é bom cansa. Um dia estava muito entediado com tudo isso. Não queria mais concentrações. Dei um balão.Chutei pra fora do estádio. E ela mandou que eu buscasse a bola. E eu fui. Mas na volta dei um chapéu. Ela não viu. Mas a imprensa estava ali e registrou tudo.

No dia seguinte acordei, ela já tinha levantado. Fui até a porta, o jornal também não estava ali. No seu lugar uma carta do STJD. Nela dizia: “Suspensão por tempo indeterminado... Fora dos gramados por pelo menos 30 dias.” Metade desse eu tempo treinei apenas em campos suplementares e sozinho. Na outra metade freqüentei outros clubes, rodas de pagode e me acostumei fácil com isso. Até que a punição acabou. Mas tinha uma ressalva: se voltasse a acontecer era rescisão de contrato.

Fizemos novamente a pré temporada e iniciamos com uma ótima campanha. Uma goleada atrás da outra. Até que fiz uma jogada perigosa. O juiz tava longe do lance e mandou seguir. Deu vantagem. A imprensa batia em cima. Era toda a favor dela. Contra mim. Piorou tudo quandorecebi uma proposta do exterior. Meus empresários diziam que eu tinha que ir. Eu refutava essa idéia. Gostava da charanga veia. Por culpa dessa dúvida já não jogava todo meu futebol. Ela até já reclamava. E os empresários insistiam que a charanga era mais nova, mais ritmada, o distintivo mais vibrante, maior e melhor desenhado. Além do que, eu ainda poderia treinar lá antes mesmo de assinar o contrato.

Não pude recusar. Dei outro chapéu. Aí veio ela e me deu um amarelo. Fui reclamar, ela puxou o vermelho e na mesma hora me tomou a braçadeira.

Agora ando sem clube. Treinando num estádio aqui, noutro campinho ali... De vez em quando fico meio tarado, digo, parado. Mas o que me dói mesmo é que a braçadeira que ela me tomou não coube no braço do atual capitão do time dela.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Garoto Verão 2010


Na noite de quinta-feira, todos que estavam no centro de São Gabriel puderam ver o desfile do maior concurso de beleza do Rio Grande do Sul, o Garota Verão. Mas o que, por inusitado, chamou a atenção foi o desfile de uma outra modalidade: Garoto Verão, ou Summer Boy, com alguns populares chamavam. Nessa primeira edição do concurso, que provavelmente seja a única, participaram dois concorrentes.

Ao som de Borislou, ele: Rudiere Macedo Soares da Silveira, tourino de 21 anos, um metro e setenta e nove, noventa quilos, 3 estrias em cada lado da barriga, cabelos castanhos cacheados, campeão de vira-copo, um sorriso contagiante, uma desenvoltura de quem já está acostumado com o mundo das passarelas.

Rudiere ainda dividiu a passarela com outro concorrente, que apenas fez sombra para ele. Rudi, como era ovacionado por quem assistia, não só venceu com os votos dos jurados, como também ergueu o caneco de melhor torcida.

Um pouco mais tarde encontrei o 1° vencedor do Garoto Verão São Gabriel comemorando a conquista rodeado por seus fãs na praça Fernando Abbott e tomando, acreditem, cerveja. Amanhã ou depois a entrevista exclusiva com o novo símbolo sexual da região.

Abaixo o link de seu orkut, mas por favor, não entupam sua caixa de recados. Para Rudiere o orkut é para uso pessoal, não uma ferramenta para tietagem.

Mulher, Mulher, Mulher


Música não é o tema mais tratado aqui no blog, na verdade essa é a primeira vez, mas como os assuntos preferidos são as paixões nacionais, futebol e mulher... essa música se encaixa como nenhuma outra no nosso tema.

Eu fico imaginandoo que falariam de mim ou de qualquer outro mero mortal se algum de nós fosse o compositor da música Mulher, mulher, mulher. Reparem na poesia. Na idéia fixa. MULHER, que rima com... MULHER!

Já é hit do verão, aproveitando que o Latino não lançou nenhum álbum nesse verão.

Sabe muito esse Neguinho da Beija-Flor, heinhô...

Aí vai a letra:

Mulher, Mulher, Mulher

Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher

A mulher é a mulher
A mulher é a mulher
A mulher é a mulher
A mulher, a mulher
A mulher, a mulher!

Melhor que uma mulher
Só dez mulher
Só dez mulher
Melhor que dez mulher
Só mil mulher
Só mil mulher

Uma mulher, duas mulher,
Três mulher, quatro mulher
Cinco mulher, seis mulher
Sete mulher, oito mulher
Nove mulher, dez mulher

[refrão]
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher

A mulher é a mulher
A mulher é a mulher
A mulher é a mulher
A mulher, a mulher
A mulher, a mulher!

Melhor que uma mulher
Só dez mulher
Só dez mulher
Melhor que dez mulher
Só mil mulher
Só mil mulher

Uma mulher, duas mulher,
Três mulher, quatro mulher
Cinco mulher, seis mulher
Sete mulher, oito mulher
Nove mulher, dez mulher

[refrão]
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher
Mulher, mulher, mulher

Salve a MULHER brasileira!!!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O patinho feio

Não entendo porque os pais ainda quebram a cabeça e lêem livros e encontram significados para o nome dos filhos, se futuramente é bem provável que sejam mais conhecidos por apelidos.

Pegar apelido é a coisa mais fácil. Falo por experiência própria. Só eu já tive mais de três. Ultimamente atendo por Sapo. Mas lido bem com isso. Claro, tem gente que não gosta. O Anão, por exemplo. Só sei seu nome por causa da chamada. Ele tinha no máximo um metro e meio e ainda ficava bravo com a gente. Mas dizem que o apelido pega proporcionalmente ao quanto ele é detestado.

Seja por um trejeito, mania, costume, naturalidade ou aparência. Qualquer razão é motivo para se apelidar quando se é guri. Tinha um garoto alto, de andar desengonçado e magricelo, que era sempre o último a ser escolhido nos times do futebol da gurizada Não podia escolher a posição. Ficava no gol. Menos escolha teve no apelido: Pato. Estava fadado a ser chamado por último e chamado de Pato, ainda por cima. Mas isso faz muito tempo. 30 anos, mais ou menos. Aquele garoto que o destino colocou debaixo do arco, há muito não joga nos juniores.

Falo da última contratação do Internacional, em 2010. Pato Abbondanzieri, que veio do multi campeão Boca Junior’s, da Argentina. Agora chega para tomar a posição do contestado Lauro. É o jogador de maior renome do clube, que agora conta com 6 castelhanos.

Apesar de ter saído perdendo o jogo de estréia, pela primeira vez o Inter ganhou o primeiro jogo da Libertadores da América. Parece que esse Pato é tão pé quente quanto o outro, o Alexandre, que com 17 anos foi campeão do Mundo pelo mesmo colorado, e no ano seguinte era do Milan, que também se sagrou campeão.

Mas para Abbondanzieri erguer sua quarta taça Libertadores e seu 3° mundial, ele vai ter que fazer bem mais do que fez em seu primeiro jogo pelo Inter, quando apenas estreou. Nada mais. Muito pouco para quem chegou para ser o camisa 1. Se bem que ele recebeu apenas a número 25.