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quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Esse é meu Guri!!!

Ouço cochichos pelos corredores. Sei que são sobre mim. Eles dizem: será que ele nunca vai casar? E nem ter filhos? Imagina daqui a uns dez anos...
O pessoal adora uma fofoquinha. Principalmente ali perto do bebedouro. Acho que vou colocar câmeras e gravadores escondidos, só pra ver o que acontece.
Mas sabe... Estes cochichos deles, eu mesmo me indagava a algum tempinho. Sobre casar, não pretendo. Imagina eu colocar uma mulher a morar comigo, dividir minhas gavetas e bagunçar meu banheiro. Encher meu banheiro de creminhos; meu dia de perguntinhas; e minha paciência com te-pe-eme-zinhas. Não. Definitivamente, não.
Filhos... Esta é uma questão que estava á caminho. Não pensem que engravidei alguma mulher, por aí. Muito menos que mandei abortar. Não sou tão irresponsável assim. Iria inovar. Faria um filho numa produção independente. Só para eu criar, a meu gosto. Procurava genética, as mais cotadas seriam as morenas, altas, forte e sem perder a beleza feminina, é claro. Preferencialmente com um metro e noventa, um e noventa e cinco. E nenhum parente de primeiro grau com menos de um metro e oitenta.
Todas estas exigências genéticas para ter um filho jogador de futebol. Meu pai queria ser jogador, não conseguiu. Queria que eu fosse eu não emplaquei. Agora vai, pensei. Eu até que era um bom centroavante, nos meus tempos de guri (dos 15 aos 30 anos). Agora com quarenta e tantos, sem toda aquela velocidade e virilidade, que o tempo me tomou, andejo pelas arduras da zaga.
Mas que ele não invente de ser lateral. Que fosse goleiro, às vezes até os goleiros tem sorte. Lateral não vale nada e é o que mais corre. Só sofre. Melhor que siga a dinastia da família. Um matador.
Agora com a careca aparecendo, junto com os fios brancos, muitos brincam: “e ai Dr. Ronaldo, careca hein...” Ou: “gordinho que nem o outro Ronaldo”. Vejam, eu tenho até nome de craque, jogava na mesma posição que ele. Onde foi parar o brilho do meu futebol, poxa.
Parece que quando tudo está se encaminhando bem, aparece uma voz e diz que devemos tomar outro rumo. Foi exatamente o que aconteceu.
Sem o que fazer numa segunda à noite, resolvi ver um filme, As Panteras, eu acho. Tudo normal, até que apareceu uma alma, do nada, e estes espíritos quando aparecem é pra deixar uma moral, sempre. Prestei atenção naquela fantasminha, que era muito sexy, por sinal. Coberta de fumaça disse: “os verdadeiros diamantes não são fabricados, eles são encontrados”. O que disse depois daquilo já nem lembro.
Meu filho!!!! Foi só no que pensei. Para ele ser um diamante ele deve ser encontrado. Dormi só duas horas aquela noite, e enquanto dormia estava sonhando com ele. No resto da noite matutava algumas idéias. Enfim decidi. Vou adotar um filho. Percorro orfanatos do Brasil afora e pego o que mostrar maior futuro no mundo da bola, o craque. To até imaginando. Ronaldinho Jr, com camisa 9 e tudo. Voa amá-lo, dar carinho e pôr numa escolinha de futebol.
O que não vai faltar é gente fofocando e me recriminado nos bebedouros da vida...


ELDER CORRÊA JUNIOR

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