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sábado, 8 de setembro de 2007

Amor de Rodoviária

Fui levar minha tia na rodoviária. Ela ia... Sei lá pra qual cidade; cada vez ela está numa cidade que já nem sei onde ela realmente mora. Enquanto ela comprava sua passagem fiquei na porta do ônibus junto a suas bagagens.
Eu estava escutando Moacyr Franco no meu MP3, acho que era seu amor ainda é tudo. Tem gente que faz cada cara quando digo que escuto Moacyr. Aposto que não sabem nenhuma música dele nem ouviram suas histórias, mesmo assim tem preconceito. Eu mesmo fui virar fã dele quando descobri que ele conheceu sua esposa ele tinha 54 anos, ela 15. Pouco tempo depois casaram. Poxa... Ele era mais feio que agora. E ela... Lin-dís-si-ma. Mas isso nem vem tanto ao caso.
Pois bem. Sabe aquela mulher maravilhosa, estonteante, exuberante, linda, elegante, charmosa, carismática, pernas longas, coxas grossas e bem torneadas, seios rijos que caberiam na concha da mão, pele que uma seda, os olhos brilhavam como as estrelas, a boca com um sorriso de 300 dentes, e um narizinho que lembrava a Ana-do-Véu, da novela Sinhá-Moça- seus cabelos negros com algumas discretas mechas coloridas, sua altura, aquela calça que vestia, nem vou falar em suas nádegas, um conjunto que combinava em tudo. Se já não bastasse isso, ela ainda me atraia pelo perfume do seu creme de pentear. Sou louco por cheiro de cabelo. Ela estava a alguns passos de mim, mas parecia que eu estava ali do seu lado, cheirando seu pescoço e seus cabelos. Uooooooooooooollllllllll...
Nos dois ali. Numa rodoviária, suja. Em instantes ela iria embarcar e tomar seu rumo. Eu teria de voltar pra casa. Eu devia traçar um plano. Uma cantada dessas baratas, quem sabe. O primeiro passo foi nomear a operação. Moleza. Operação Amor de Rodoviária. Um nome criativo assim não poderia falhar. Comecei a lembrar de algumas cantadas do tipo:
_Oi. Tu ta de aniversário? É... Mas ta de parabéns.
Mas e depois? Falar o quê? Pensei noutra:
_Oi. Ta esperando o ônibus? É... Mas ta no ponto hein. - só que ela realmente estava esperando o ônibus, seria muita idiotice.
Me veio na cabeça uma melhor, que de quebra ainda desdenharia daquela bela moça. É assim:
_Oi. Tu é garçonete? Mas já me serve! - A pior cantada. Cantada de quem quer se afastar ou ainda levar um tapa.
Não me atrevi a usar nenhuma dessas “cantadas” nela. Ela parecia tão educada que seria até judiaria. Ela não mereceria ouvir essas bobagens. Acabei adotando outra tática. As mulheres que são lindas acham que todos os homens têm que dar bola pra elas. Elas percebem quando um homem não repara nelas e começam a dar bola pra estes, pros outros elas nem ligam.
A tática é o seguinte: Faço de conta que não estou “afim” dela, ela vai ficar furiosa com isso e começar a me cortejar. Eu me faço um pouco de difícil e antes que seu ônibus saia fico com ela, convido-a pra ir até minha casa e que pegue o próximo ônibus. Mas pra que isso aconteça sequer poderia olhar pra ela, no máximo e discretamente sentir o perfume de seus cabelos.
Foi exatamente o que fiz. Claro que não iria dar certo. Nunca vai dar certo, mas esta é a tática. Pior é ficar mudando de tática, feito o Alexandre Gallo que nunca conseguiu repetir a escalação do Inter no Brasileirão.
Minha tia tomou seu ônibus e ao me despedir dela a moça havia sumido. Perdi a mulher que poderia vir a ser a mãe dos meus filhos. O pior é que não sei nem seu nome, será que ela iria aceitar batizarmos um filho de Fernandão e outro de Clemer?
Uma lástima. Fui embora, desolado. Daquele dia em diante coloquei uma meta em meu cotidiano, me perguntar freqüentemente: Se o mundo acabar amanha... Eu já fui feliz hoje? Essa é a tática. Pode não dar certo, ou talvez dê. Posso não me perguntar com tanta freqüência assim. Posso até não ter sido feliz por uma, duas semanas, mas a tática é esta. E tu... Já foi feliz hoje?


Elder Corrêa Jr

6 comentários:

  1. Bom...
    Achei Amor de rodoviária uma das melhores cronicas deles que são muitas obvio...
    Me considero fã numero 1 dessas cronicas e sou meio suspeita para flar mas são cada uma melhor que a outra mas Amor de rodoviária achei em especial minha preferida...

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  2. Bacana, muito baca. Gostei da cronica "Amar de Rodoviária". Parabens ao autor, opa...antes que me esqueça eu queria mesmo era de parabeniza-lo pela filosia de vida....todos os dias se pergutar...fui feliz hoje. Barbaro vou adotar tambem. Posso?

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  3. Reescrevi...tinha muito erro:
    Bacana, muito baca. Gostei da crônica "Amor de Rodoviária". Parabéns ao autor, opa...antes que me esqueça eu queria mesmo parabeniza-lo pela filosofia de vida....todos os dias se perguntar...fui feliz hoje?. Barbaro vou adotar também. Posso?

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  4. hum...

    putzzzzzz...

    textos loucos e apaixonados...
    esses sim m causam um certo estado de espirito a la yami-yami-schrubble-schrubble...

    bahhh...

    anyway... relembrando o filme 'turistas'... vc pode sempre fazer a coisa certa... mas qdo naum dah... fazer a errada... mas nunca... nunca nada.

    abração.

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  5. Bom estou a amar as crônicas que leio por aqui...porém "amor de rodoviária" é instigante é digamos uma filisofia própia...

    Parabéns....

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