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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A LIBANESA E O DIOGO RINCÓN

Sempre, depois dos jogos, todo nosso time escolhe um barzinho perto do campo pra repor as energias com umas cervejinhas gelada e picadinho. É ali começa oficialmente a hora de discutir os lances da partida.
Daquela vez não era pra termos perdido. Mas perdemos várias oportunidades de matar o jogo. Eu mesmo errei duas vezes, uma chutei no goleiro e outra pra fora, das quatro chances que tive pra estufar as redes.
Nosso aceitou os três primeiros chutes. Rapidinho já tava 3 a 0 pra eles. Nos tínhamos o domínio da bola, eles do jogo.
No final do primeiro tempo descontei, 3 a 1. Eles eram debochados. O Tí foi o que se irritou com as brincadeiras deles. Deve ter sido por isso q no primeiro minuto marcou um golaço: driblou três, passou pelo goleiro. 3 a 2. Seguiu assim; 4 a 2. 5 a 2. Cacetada do Juliano, 5 a 3. Bate pronto do Rudiere, 5 a 4. Eles revezavam, nós não tínhamos reservas. 6 a 4. 7 a 4. Tí, mais um golaço, 7 a 5. No finalzinho ainda fiz mais um, num bate-rebate em dividida com o goleiro, 7 a 6. Tarde demais. Perdemos.
Ainda vamos no cruzar nesse campeonato, com outro goleiro, aí eu quero ver...
E foi justamente em frente ao nosso energético, pós-jogo que surgiu o assunto culminante. Arrependimentos. O Tí, nosso craque, sempre discursante começou:
_ Não me venham com arrependimentos. A vida não é um rascunho – dedo em riste- está enganado quem pensa que os dias são todos iguais. Não são. Cada dia é uma história, por mais monótono que possa parecer é uma história. E a tua história- nisso ela apontou pra todos nós – é feita pela soma, pela seqüência dos dias. Um erro, uma falha pode anular o valor de mil acertos e vitórias e conquistas – finalizou com uma frase do Paulo Santtana. Nada passa, mas tudo muda. Nada passa, a menos que não tenha passado.
Um sábio esse Tí, por isso que fizemos um silêncio solene, que durou mais dois segundos depois que ele parou.
Arrependimentos dum, doutro até que chegou minha vez.
Meu arrependimento é dos brabos. Dês dos tempos do primário que uma libanesa é louca por mim, mas como eu sou 4 anos mais velho que ela não me interessava por ela. Sempre preferi mais velhas que eu, ou pelo menos da minha idade. Fora que ela era, digamos... jaburu. É essa era a classificação dela. Uma jaburu novinha, e com tendências a piorar.
Quando ela entrou no ensino médio já era bem mais bonita. E eu já não estudava. Aos poucos fui me desligando do colégio, das colegas. Mas ela ainda tinha aquele amor platônico por mim.
Ela já estava bem apetecível, mas eu estava namorando. E não trairia minha namorada, isso é que não. Mesmo assim dava corda pra Aline. Sabe... não se pode perder todo contato com elas, pois um dia o namoro acaba. E realmente acabou.
Eu ia ficar com ela. Mas ai uma de suas melhores amigas praticamente me assediou, não resisti. E ela ficou tão chateada comigo que resolveu me esquecer. E com isso cresceu em mim o mesmo sentimento que ela tinha por mim.
Eu diria que errei, mas que a culpa foi dela mesma que decerto falava tão bem de mim que acabou despertando desejo na sua amiga, e que eu seria só dela e que a amaria. Eu até ensaiava e nesse vô, não vô, vô, não vô, acabei não indo e ela arrumou um namorado.
Agora um babaca desfila pra cima e pra baixo com ela, e eu tendo que vê-los todos os dias. Percebi que ela é a mulher pra casar. Cada vez mais exuberante, cada vez mais linda, com a elegância de uma rainha da Inglaterra e simpatia de ganhar concursos. Uma mulher digna de crime passional. Eu me casaria com ela. Lhe mostraria o que é amor de verdade, lhe serviria um mate todas manhãs e morreria velhinho ao seu lado falando da vida dos netos e dos vizinhos.
Mas a culpa foi minha, admito. Quando tive a oportunidade deixei passar. Perdi.
Tenho certeza que daqui a um tempo o Abel Braga vai jogar uma pelada e no fim do joguinho vai confessar aos amigos que se arrepende de ter vetado a contratação do Diogo Rincón em prol do Andrezinho. Tomara que esse Andrezinho seja mesmo sensacional, como disse Abelão. O difícil vai ser os colorados engolirem o Diogo Rincón brilhando no Corinthians do Mano Menezes.

Elder Nunes Junior

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