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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O dia que perdi um amigo




Agora restam as fotografias, as lembranças e as marcas de uma amizade. Foram muitas festas, muitas beberagens e muitos agitos. Foi junto ao meu melhor amigo que passei os melhores anos da minha vida. Uma amizade colocada à prova nos piores momentos, e que agora se eterniza em meu pensamento.
Quantas confusões entramos (e saímos) juntos, quantos bares e wiskerias, quantas sinucas, quantas cervejas, quantas professoras enlouquecemos, quantas armações, quantas vezes provamos e desafiamos a Lei de Murphy, quantas parcerias, quantas mulheres, quantos carreteiros e churrascos, quantos futebolzinhos, quantas apostas, quantas vibrações nos jogos do nosso Colorado, quanta coisa conquistamos juntos... Quantos “quantos” eu usei aqui... e ainda falta falar de muitos,mas alem do meu esquecimento faltou foi o tempo.
Sempre fiquei feliz com a alegria e sucesso dele, sei que ele sentia o mesmo. Talvez agora ele esteja feliz, mas é impossível que eu compartilhe este sentimento.
A pouco entrei na Capela. Todos em silêncio, sobriamente vestidos, a maioria de preto, tentavam segurar a emoção. Na chegada não conseguia entender o que um senhor - que mais parecia um profeta- falava, cheguei a pensar que fosse em latim. Eu estava longe do meu amigo. Tentava ver sua expressão, mas um lustre me escondia seu rosto.
O ambiente cheio de flores, alguns choravam muito, outros se contiam. E o senhor com a barba branca que parecia um profeta, não parava de falar. Minha inquietação me fez recordar tudo que passamos juntos. Ele era uma boa pessoa. Foi junto dele que percebi que um homem pode amar outro, alem de seu pai e irmãos. Eu o amava, agora vejo isso. Amava-o como um irmão, que nunca tive.
Mas só quando o velho da barba branca parou de falar que caiu a ficha e percebi que realmente havia perdido meu melhor amigo. Vou repetir as palavras daquele padre: “Eu vos declaro casados. Pode beijar a noiva.”

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