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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Pai & Filho

- Pai, pai, paiê!!!
- Hum?
- Me responde uma coisa?
- Claro filho.
- Mas e se tu não souber responder?
- Claro que saberei meu filho, o pai sabe tudo.
- Deus existe?
- Sim existe, é lógico.
- Porque que é lógico?
- Porque sim, ora bolas.
- Tá, mas tu já viu ele?
- Não, mas... Mas ele existe e pronto.
- E quem é a mãe dele?
- Ele não tem mãe.
- Pobrezinho dele, porque ele não tem mãe?
- Porque ele criou o universo e antes dele não havia nada.
- E quem fez ele?
- Não sei meu filho.
- Ué, mas tu não sabia tudo?
- Quer dizer eu sei, mas é difícil de explicar para uma criança.
- Mas os pais dos meus amigos respondem tudo que eles perguntam.
- Eles não sabem nada, apenas ficam inventando coisas como o velho do saco, para que vocês fiquem com medo.
- Mas pai, foi o senhor que me disse que existe o velho do saco.
- Ah foi?
- Foi.
- Ta, ta, ta meu filho, vá brincar lá fora, e me deixe ver a televisão.
- Pai, pai, pai.
- Que?
- Quando eu crescer eu quero ser igual ao senhor.
- Que bom meu filho.
- Ta e o que eu preciso fazer pra ser igual a ti?
- Vá estudar muito, se dedicar muito e se forme em direito.
- Mas o que o senhor é?
- Um advogado.
- E o que um advogado faz?
- Ele defende as pessoas que foram acusadas de algo.
- Ah então são aqueles caras que mentem pra ajudar os bandidos nos filmes?
- Ã, é, hum, hã, é quase isso.
- E eu vou ser rico?
- Ah filho isso depende.
- E eu vou poder usar drogas?
- O que é isso meu filho? Donde tirou uma coisa dessas? É claro que não.
- Mas por quê?
- Porque drogas são ruins, só fazem o mal.
- Mas então porque as pessoas usam?
- Porque assistem muita televisão.
- Então o senhor usa drogas?
- É claro que não.
- Mas o senhor ta sempre na frente da TV.
- Mas não preciso disso, eu sou inteligente meu filho.
- Pai, sabia que esses dias eu fiz sexo com a mamãe?
- Ta maluco moleque, que bobagem é essa?
- É eu fiz sexo com ela, que nem o senhor me explicou, lembra? Quando uma mulher e um homem se abraçam, se beijam e vão pra cama? Pois é eu fiz.
- Há há há, não meu filho isso não é sexo.
- É sim, eu abracei ela, ela me deu um beijinho de boa noite, daí eu pedi pra ela deitar na cama comigo, e ela deitou e ficou contando historinhas pra mim dormir.
- Ta, meu filho mas isso não é sexo, não se faz sexo com a própria mãe.
- E com a mãe dos outros?
- Ah, daí pode.
- Mas eu só fiz isso pra ajudar ela, pobrezinha.
- Ajudar a que meu filho?
- Ah ela passa se queixando pras amigas que faz anos que ela não sabe o que é sexo de verdade.
- O que? Ela disse isso?
- Disse.
- Tu tens certeza que sabes o que ta dizendo menino?
- Claro pai, eu sei de tudo.
- Então tu poderia me responder umas coisinhas...


Lucas loch

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Esse é meu Guri!!!

Ouço cochichos pelos corredores. Sei que são sobre mim. Eles dizem: será que ele nunca vai casar? E nem ter filhos? Imagina daqui a uns dez anos...
O pessoal adora uma fofoquinha. Principalmente ali perto do bebedouro. Acho que vou colocar câmeras e gravadores escondidos, só pra ver o que acontece.
Mas sabe... Estes cochichos deles, eu mesmo me indagava a algum tempinho. Sobre casar, não pretendo. Imagina eu colocar uma mulher a morar comigo, dividir minhas gavetas e bagunçar meu banheiro. Encher meu banheiro de creminhos; meu dia de perguntinhas; e minha paciência com te-pe-eme-zinhas. Não. Definitivamente, não.
Filhos... Esta é uma questão que estava á caminho. Não pensem que engravidei alguma mulher, por aí. Muito menos que mandei abortar. Não sou tão irresponsável assim. Iria inovar. Faria um filho numa produção independente. Só para eu criar, a meu gosto. Procurava genética, as mais cotadas seriam as morenas, altas, forte e sem perder a beleza feminina, é claro. Preferencialmente com um metro e noventa, um e noventa e cinco. E nenhum parente de primeiro grau com menos de um metro e oitenta.
Todas estas exigências genéticas para ter um filho jogador de futebol. Meu pai queria ser jogador, não conseguiu. Queria que eu fosse eu não emplaquei. Agora vai, pensei. Eu até que era um bom centroavante, nos meus tempos de guri (dos 15 aos 30 anos). Agora com quarenta e tantos, sem toda aquela velocidade e virilidade, que o tempo me tomou, andejo pelas arduras da zaga.
Mas que ele não invente de ser lateral. Que fosse goleiro, às vezes até os goleiros tem sorte. Lateral não vale nada e é o que mais corre. Só sofre. Melhor que siga a dinastia da família. Um matador.
Agora com a careca aparecendo, junto com os fios brancos, muitos brincam: “e ai Dr. Ronaldo, careca hein...” Ou: “gordinho que nem o outro Ronaldo”. Vejam, eu tenho até nome de craque, jogava na mesma posição que ele. Onde foi parar o brilho do meu futebol, poxa.
Parece que quando tudo está se encaminhando bem, aparece uma voz e diz que devemos tomar outro rumo. Foi exatamente o que aconteceu.
Sem o que fazer numa segunda à noite, resolvi ver um filme, As Panteras, eu acho. Tudo normal, até que apareceu uma alma, do nada, e estes espíritos quando aparecem é pra deixar uma moral, sempre. Prestei atenção naquela fantasminha, que era muito sexy, por sinal. Coberta de fumaça disse: “os verdadeiros diamantes não são fabricados, eles são encontrados”. O que disse depois daquilo já nem lembro.
Meu filho!!!! Foi só no que pensei. Para ele ser um diamante ele deve ser encontrado. Dormi só duas horas aquela noite, e enquanto dormia estava sonhando com ele. No resto da noite matutava algumas idéias. Enfim decidi. Vou adotar um filho. Percorro orfanatos do Brasil afora e pego o que mostrar maior futuro no mundo da bola, o craque. To até imaginando. Ronaldinho Jr, com camisa 9 e tudo. Voa amá-lo, dar carinho e pôr numa escolinha de futebol.
O que não vai faltar é gente fofocando e me recriminado nos bebedouros da vida...


ELDER CORRÊA JUNIOR

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Não queremos Bandeiras

Marcham... Marcham... E marcham... Só marcham, muitos sem sequer saber o porquê. Submetem-se a Bandeira e as Armas, alguns com pensamento patriótico, outros pelo salário recebido.
Ombro-a-ombro abraçam uma bandeira forjada a sangue de inocentes, a mando dos militares. Patriotismo à uma Nação que nunca teve liberdade tampouco dá direitos a população é atitude de fracos e imbecís.
Forte é o homem que têm como pátria, como natal, qualquer lugar. E que vê as Armas-inúteis a população e que só nos serve a fins repressivos- como uma maneira de sustento.
Perfeito é o que tem como estrangeiro todos os lugares. Não considera nenhuma pátria sua “mãe”. E defende a si, não a um brasão.
Sejamos soldados das Armas. Cantemos um hino que não fala da realidade. Iludimo-nos com uma história irreal de libertação, mas vivemos e morremos por nós. A Pátria não merece nem vida, tampouco sangue.

Elder Corrêa Junior

sábado, 8 de setembro de 2007

Amor de Rodoviária

Fui levar minha tia na rodoviária. Ela ia... Sei lá pra qual cidade; cada vez ela está numa cidade que já nem sei onde ela realmente mora. Enquanto ela comprava sua passagem fiquei na porta do ônibus junto a suas bagagens.
Eu estava escutando Moacyr Franco no meu MP3, acho que era seu amor ainda é tudo. Tem gente que faz cada cara quando digo que escuto Moacyr. Aposto que não sabem nenhuma música dele nem ouviram suas histórias, mesmo assim tem preconceito. Eu mesmo fui virar fã dele quando descobri que ele conheceu sua esposa ele tinha 54 anos, ela 15. Pouco tempo depois casaram. Poxa... Ele era mais feio que agora. E ela... Lin-dís-si-ma. Mas isso nem vem tanto ao caso.
Pois bem. Sabe aquela mulher maravilhosa, estonteante, exuberante, linda, elegante, charmosa, carismática, pernas longas, coxas grossas e bem torneadas, seios rijos que caberiam na concha da mão, pele que uma seda, os olhos brilhavam como as estrelas, a boca com um sorriso de 300 dentes, e um narizinho que lembrava a Ana-do-Véu, da novela Sinhá-Moça- seus cabelos negros com algumas discretas mechas coloridas, sua altura, aquela calça que vestia, nem vou falar em suas nádegas, um conjunto que combinava em tudo. Se já não bastasse isso, ela ainda me atraia pelo perfume do seu creme de pentear. Sou louco por cheiro de cabelo. Ela estava a alguns passos de mim, mas parecia que eu estava ali do seu lado, cheirando seu pescoço e seus cabelos. Uooooooooooooollllllllll...
Nos dois ali. Numa rodoviária, suja. Em instantes ela iria embarcar e tomar seu rumo. Eu teria de voltar pra casa. Eu devia traçar um plano. Uma cantada dessas baratas, quem sabe. O primeiro passo foi nomear a operação. Moleza. Operação Amor de Rodoviária. Um nome criativo assim não poderia falhar. Comecei a lembrar de algumas cantadas do tipo:
_Oi. Tu ta de aniversário? É... Mas ta de parabéns.
Mas e depois? Falar o quê? Pensei noutra:
_Oi. Ta esperando o ônibus? É... Mas ta no ponto hein. - só que ela realmente estava esperando o ônibus, seria muita idiotice.
Me veio na cabeça uma melhor, que de quebra ainda desdenharia daquela bela moça. É assim:
_Oi. Tu é garçonete? Mas já me serve! - A pior cantada. Cantada de quem quer se afastar ou ainda levar um tapa.
Não me atrevi a usar nenhuma dessas “cantadas” nela. Ela parecia tão educada que seria até judiaria. Ela não mereceria ouvir essas bobagens. Acabei adotando outra tática. As mulheres que são lindas acham que todos os homens têm que dar bola pra elas. Elas percebem quando um homem não repara nelas e começam a dar bola pra estes, pros outros elas nem ligam.
A tática é o seguinte: Faço de conta que não estou “afim” dela, ela vai ficar furiosa com isso e começar a me cortejar. Eu me faço um pouco de difícil e antes que seu ônibus saia fico com ela, convido-a pra ir até minha casa e que pegue o próximo ônibus. Mas pra que isso aconteça sequer poderia olhar pra ela, no máximo e discretamente sentir o perfume de seus cabelos.
Foi exatamente o que fiz. Claro que não iria dar certo. Nunca vai dar certo, mas esta é a tática. Pior é ficar mudando de tática, feito o Alexandre Gallo que nunca conseguiu repetir a escalação do Inter no Brasileirão.
Minha tia tomou seu ônibus e ao me despedir dela a moça havia sumido. Perdi a mulher que poderia vir a ser a mãe dos meus filhos. O pior é que não sei nem seu nome, será que ela iria aceitar batizarmos um filho de Fernandão e outro de Clemer?
Uma lástima. Fui embora, desolado. Daquele dia em diante coloquei uma meta em meu cotidiano, me perguntar freqüentemente: Se o mundo acabar amanha... Eu já fui feliz hoje? Essa é a tática. Pode não dar certo, ou talvez dê. Posso não me perguntar com tanta freqüência assim. Posso até não ter sido feliz por uma, duas semanas, mas a tática é esta. E tu... Já foi feliz hoje?


Elder Corrêa Jr